152 - Magnum

Wednesday, April 10, 2024

202 - rekhet ou Filosofia do Egito

 



Sem dúvida, as investigações do nosso grupo de pesquisa têm motivado muitas objeções. Os estudos que realizamos sobre filosofia africana não são inéditos; mas o aumento da circulação de material acadêmico no Brasil que problematiza o nascimento da filosofia na Grécia, trazendo à luz fontes africanas mais antigas que as ocidentais, tem sido motivo de críticas variadas. Objeções que alegam: “filosofia” é um termo grego; outras insistem que só na Grécia Antiga o pensamento ganhou tom laico. Ou ainda, perguntam por que deveríamos “impor” o registro filosófico a outras formas de pensamento de povos da antiguidade fora do mundo helênico. Em resumo, tais questões têm sido acompanhadas de argumentos diversos que dizem algo como: a filosofia nasceu na Grécia, desenvolveu-se dentro da ambiência territorial europeia como uma aventura ocidental do pensamento humano. Não cabe destrinchar cada uma das objeções, tampouco teríamos condições de apresentar o vasto elenco de tréplicas em favor da produção filosófica africana desde George James com Legado roubado, passando por Cheikh Diop, Theóphile Obenga, Molefi Asante, até A filosofia antes dos gregos, de José Nunes Carreira. Todos os autores advogam uma hipótese comum: a filosofia não nasceu grega. A abordagem que defendemos denuncia uma grave confusão. A questão não é onde nasceu a filosofia. Com base em fontes históricas diversas, os textos egípcios são documentos africanos mais antigos do que os escritos gregos, que são referências da cultura ocidental. Alguns expoentes da egiptologia, seja Jean-François Champollion (1790-1832), Cheikh Anta Diop (1923-1986), Theóphile Obenga (1936-) ou Jan Assmann (1938-) concordam que os textos egípcios são mais antigos do que os gregos. A polêmica está no caráter filosófico dos escritos egípcios. Nós estamos de acordo com Diop e Obenga – o material egípcio é filosófico.

A filosofia de Ptahhotep

Em A filosofia antes dos gregos, Carreira menciona o Egito como uma região rica em produção filosófica. Ptahhotep foi alto funcionário do Faraó Isesi da 5ª Dinastia do Reino Antigo e sua função era chamada de rekhet, traduzida por Obenga como “filosofia”. Identificamos nos ensinamentos de Ptahhotep recomendações para o debate, sugerindo uma conduta adequada numa contenda. Ptahhotep diz que em relação ao contendor podem existir três tipos de pessoas. 1ª) As que têm uma balança mais precisa, “superiores”; 2ª) As que têm balança tão precisa quanto a nossa, “iguais”; 3ª) As que têm balança menos precisa, “inferiores”. O filósofo não menciona diretamente a deusa Maat; mas ela aparece de modo indireto à medida que a balança é um dos seus principais símbolos. “Maat” circunscreve várias ideias: “harmonia”, “verdade”, “ordem”. A sua balança é o instrumento que mede a palavra. O que está em jogo na contenda é o uso adequado da balança para mensurar a verdade. Por isso, a arte da rekhet é inconclusa; sempre podemos encontrar um contendor com balança mais precisa. Os limites da rekhet “não podem ser alcançados, e a destreza de nenhum artista é perfeita”. (Veja o texto “Ensinamentos de Ptahhotep”, publicado no livro Escrito para a eternidade: a literatura no Egito faraônico, de Emanuel Araujo. Brasília/São Paulo, 2000.) Nossa defesa está a favor da atitude filosófica de não recusar uma tese sem o seu devido exame; por isso, a recomendação de ler Ptahhotep.

A certidão de nascimento da filosofia

Propor uma agenda de leitura dos textos africanos antigos não sinaliza um interesse em substituir a Grécia pelo Egito, fazendo da cultura africana o paradigma civilizatório na antiguidade. Pelo contrário, o esforço por definir um “marco zero” para a filosofia vale-se de uma interpretação entre outras – o que não pode ser um tabu dogmático. A título de analogia, o filósofo inglês Michael Hardt interpela a filosofia de Hegel por meio de Nietzsche, e nos diz que “a dialética é um falso problema”(Em Gilles Deleuze: um aprendizado filosófico, na tradução de Sueli CavendishSão Paulo, 1996). Algumas abordagens filosóficas usam o modelo dialético como indispensável para a filosofia da história, enquanto outras a recusam plenamente. Do mesmo modo, defendemos que o nascimento da filosofia é um falso problema. Não se trata de afirmar que a filosofia nasceu no Egito e substituir Tales de Mileto ou Platão por Ptahhotep. Não pedimos a retirada da “certidão grega da filosofia” dos manuais, mas sim que ela não venha sozinha, sem o registro de que existem posições a favor do nascimento africano. Os manuais de filosofia precisam incluir versões diversas sobre suas origens, reconhecendo a legitimidade de todas, assim como não ignoramos perspectivas diferentes em várias questões filosóficas. É perigoso e reducionista para uma boa formação filosófica limitar toda a filosofia a poucas tradições. Com efeito, o problema não seria estritamente teórico, mas político (e obviamente filosófico). O projeto de dominação do Ocidente tem um aspecto epistemológico que pretende calar qualquer filosofia que tenha sotaques diferentes. Afinal, a filosofia foi “eleita” como suprassumo da cultura ocidental.

Renato Noguera é doutor em Filosofia pela UFRJ, professor da UFRJ e coordenador do grupo de pesquisa Afroperspectivas, Saberes e Interseções.


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Saturday, April 6, 2024

201 - Homenagem à minha mãe Marlene Rosa 13/07/1979 - 23/40 hrs

 


I. Introduction

This is a short extract from Liz Greene's Psychological Horoscope Analysis. The complete report of 18-25 pages can be ordered as an E-Horoscope or a bound booklet in the Astroshop.

This horoscope analysis - using the insights of astrology and psychology combined with the tools of advanced computer technology - offers you an astrological portrait which is uniquely and individually focussed and which aims at providing greater self-knowledge.

II. Your Psychological Type

This short chapter describes your typical or characteristic way of responding to situations in life.

The rich array of individual attributes portrayed in your birth horoscope is set, as it is with everyone, against the backdrop of a certain temperament bias. We might call this bias your psychological "type".

You are one of the world's true romantics, for your intensely active imagination must always inject into ordinary circumstances an aura of meaning, potential and purpose without which you find daily life inconsequential and sometimes suffocating. The great strength of your nature lies in your well-developed relationship to the creative power of the unconscious, which allows you to look into the future and envisage potentials which are not immediately apparent in the present. Because of this, [...]

[..] Your grasp of the potentials of a situation combines with sensitivity and compassion for the needs and problems of others, and this lends a human touch to the strange and often uncanny abilities of your intuition. Your great gift lies in the sensing of human potential and [...]

III. Character and Shadow

In this comprehensive chapter of the Psychological Horoscope Liz Greene provides valuable insights about your essential character traits.

The interplay between the conscious and unconscious sides of you is a constantly shifting dance, changing at different stages of your life and altering according to the pressures and challenges which you encounter. The tension between the primary characters in your inner drama is the source of energy which provides your life with movement, purpose, conflict and growth.

[..] You take little pleasure in that absolute autonomy and freedom to direct your own life that many people claim they want; for your chief pleasure springs from living for and through others. You are not inclined toward cold ambition, or the need to be somebody in the world's [...]

[..] There is a wide gap between your noble and rather poignant ideal of selfless love and the actual nature of human beings, which includes yourself; and because you are reluctant to bridge this gap by behaving in a normally selfish way occasionally yourself, you set yourself [...]

Hidden traits

[..] This hidden side of you contains all those qualities which are really part of you but which you have excluded or suppressed from your conscious values and behaviour in order to preserve the relationships and the kind self-image which are so important to you. Your shadow-side [...]

A minor character

[..] Because your allegiance to the imaginal world is so strong, your adherence to the conventional codes of living is sporadic; and many people are likely to think you a little peculiar or eccentric. On the deepest level you are wedded to some inner voice, and any partner in [...]

IV. The Family Background

In the complete horoscope analysis, this chapter deals with your family myths as well as with your perception of your parents and their relationship.

Although you are an individual, you have emerged from a family background. Thus you contain certain inner patterns, myths and attitudes toward life which you have acquired from the psychological soil of this background.

V. Relationship Patterns

This chapter describes attitudes, needs and characteristic patterns in close one-to-one relationships.

Both astrology and psychology teach us that nothing that occurs within a relationship is chance. Your birth horoscope describes what you are like inside, and therefore what kind of patterns, needs and compulsions you are likely to bring into your relationships with others.

Because you are a warm-hearted, sympathetic person who hates hurting others, your own personal life may seem a little too full of sad episodes where your love was not appreciated and where you came away feeling hurt and forlorn - even if you did the leaving. You are rather more prone than many people to such a relationship pattern. But this is not because a bad fate sits over you. You are as capable, and as deserving, of a fulfilling and happy relationship as anyone else. Instead of feeling [...]

VI. Paths toward Integration

The final chapter of the Psychological Horoscope Analysis contains insights into the potential for growth as shown in your birth chart.

The following paragraphs provide some suggestions of ways in which conscious effort might make it possible for you to achieve greater harmony between the different components within yourself, and to strengthen that centre of the personality which psychology calls the ego, the "I".

 

Appendix

These small samples from different chapters convey an impression of your personal Psychological Horoscope which comprises 18 - 25 pages. It can be ordered as an E-Horoscope or bound booklet in the Astroshop.

Please read a complete sample report (of a different person) to get an overview of the extent of the complete horoscope.

Tuesday, April 2, 2024

195 - Adaptação e não enquadramento!

 


Um dos pontos chave para a felicidade está na adaptação às mudanças, ou seja, a realidade é dinâmica e não estática. Daí que a verdadeira chave do sucesso reside na flexibilidade emocional que é fruto da adaptação. Por outro lado, o indivíduo é um membro a mais de uma sociedade formada por milhares de pessoas. Fazer parte de um grupo também mostra a necessidade de adaptação social, ou seja, de integração. Algo que se mostra inclusive dentro de um grupo de amigos.

Toda pessoa que é integrada a um grupo de amigos deseja respeitar as normas do grupo para adaptar-se socialmente e poder desfrutar dos momentos de amizade em comum. A adaptação social é fundamental porque o ser humano vive em sociedade e assume rotinas próprias desde sua época de infância. Por exemplo, ir ao colégio, ir ao trabalho, iniciar um relacionamento amoroso, iniciar amizade com os vizinhos, dirigir o carro para realizar uma viagem, etc. Em qualquer lugar, existem certas regras sociais que o indivíduo tenta respeitar com o objetivo de fazer parte desse sistema e que exige a cooperação de todos.

A adaptação social em um grupo de amigos, por exemplo, mostra a identificação que essa pessoa experimenta de modo individual com o grupo de amigos. Esta identificação cria uma entidade de grupo que pode ser um elo de união e causar sensação de pertence. A amizade melhora a autoestima e o bem-estar porque quando uma pessoa se sente integrada a um grupo também se sente mais feliz.

Existem outras mudanças de adaptação social que são muito importantes individualmente, por exemplo, a passagem do colégio para a universidade, a mudança de trabalho, a mudança de viver em outra cidade, etc.

A adaptação social exige paciência, uma vez que toda mudança envolve tempo de interiorização porque deixar a zona de conforto nem sempre é uma tarefa simples. Todo ser humano é único e exclusivo, por isso, de acordo com suas próprias características pessoais, o ser humano pode necessitar de mais ou menos tempo para adaptar-se a uma mudança. Por exemplo, uma pessoa muito tímida pode necessitar de mais tempo para adaptar-se a um novo grupo de amigos do que outra pessoa que é muito sociável. O importante é que cada pessoa respeite seu ritmo interno e não tente ser alguém diferente do que realmente é.

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O que é: Adaptação social: Conceito e definição

A adaptação social é um processo pelo qual os indivíduos se ajustam às normas, valores e comportamentos de um determinado grupo social. É a capacidade de se integrar e interagir de maneira adequada com os outros membros da sociedade. A adaptação social envolve a compreensão e a aceitação das regras e expectativas sociais, bem como a habilidade de se comunicar e se relacionar de forma eficaz.

Em resumo, a adaptação social é um elemento crucial para o funcionamento harmonioso da sociedade. Ela permite que os indivíduos sejam aceitos e se sintam parte de um grupo, facilitando a cooperação, a comunicação e a resolução de conflitos. Além disso, a adaptação social contribui para o desenvolvimento pessoal, promovendo a autoestima, a empatia e a compreensão das diferenças. Portanto, é fundamental que sejam adotadas estratégias eficazes para promover a adaptação social e garantir uma convivência saudável e produtiva.

Importância da adaptação social na sociedade moderna

A adaptação social desempenha um papel fundamental na sociedade moderna. Em um mundo cada vez mais globalizado e interconectado, as habilidades sociais são essenciais para o sucesso pessoal e profissional. A capacidade de se adaptar e se relacionar com pessoas de diferentes culturas, origens e perspectivas é crucial para a construção de relacionamentos saudáveis e para a colaboração em equipe.

Além disso, a adaptação social é importante para a promoção da inclusão e da diversidade. Ao se adaptar às normas sociais, os indivíduos têm a oportunidade de entender e respeitar as diferenças, contribuindo para a construção de uma sociedade mais igualitária e justa. A adaptação social também é fundamental para o desenvolvimento da empatia, da tolerância e da capacidade de lidar com conflitos de forma construtiva.

Processo de adaptação social: Etapas e desafios

O processo de adaptação social pode ser dividido em diferentes etapas. A primeira etapa é a observação e o aprendizado das normas e comportamentos sociais do grupo. Nessa fase, os indivíduos buscam compreender as regras implícitas e explícitas que regem a interação social. Em seguida, ocorre a experimentação e a prática dessas normas, onde os indivíduos testam diferentes comportamentos e estratégias de interação.

No entanto, o processo de adaptação social também apresenta desafios. Muitas vezes, as normas sociais podem ser complexas e contraditórias, o que pode gerar confusão e dificuldade de adaptação. Além disso, a pressão social e o medo de serem excluídos podem dificultar a expressão autêntica do indivíduo. O enfrentamento desses desafios requer autoconhecimento, habilidades de comunicação e a capacidade de lidar com a pressão social de forma saudável.

Estratégias eficazes para promover a adaptação social

Existem várias estratégias eficazes para promover a adaptação social. Uma delas é a prática da escuta ativa, que envolve prestar atenção genuína ao que os outros estão dizendo e demonstrar interesse pelos seus pensamentos e sentimentos. Além disso, é importante desenvolver habilidades de comunicação assertiva, que permitem expressar opiniões e sentimentos de forma clara e respeitosa.

Outra estratégia eficaz é a busca de oportunidades de interação social, como participar de grupos, clubes ou atividades comunitárias. Essas experiências proporcionam um ambiente seguro para praticar habilidades sociais e conhecer novas pessoas. Além disso, é importante cultivar a empatia e a compreensão das diferenças, reconhecendo que cada pessoa tem sua própria história e perspectiva.

Por fim, a busca por apoio social também é fundamental para a adaptação social. Ter amigos e pessoas de confiança com quem compartilhar experiências e desafios pode ajudar a lidar com os obstáculos e promover um senso de pertencimento. A terapia individual ou em grupo também pode ser uma opção para desenvolver habilidades sociais e lidar com questões específicas relacionadas à adaptação social.

Em suma, a adaptação social é um processo contínuo e fundamental para o bem-estar e o sucesso dos indivíduos na sociedade moderna. Ela envolve a compreensão e a aceitação das normas sociais, bem como a habilidade de se relacionar e se comunicar de forma eficaz. Ao promover a adaptação social, é possível construir relacionamentos saudáveis, promover a inclusão e a diversidade, e contribuir para o desenvolvimento pessoal e coletivo.

O enquadramento é o ato e o resultado de enquadrar: ajustar a um quadro, definir limites, encaixar. No domínio da fotografia, televisão e cinema, o enquadramento é o cenário registrado pela lente da câmera em cada filmagem/cena.

A ação de enquadrar, portanto, envolve a delimitação de uma cena pelas lentes da câmera. O resultado desse procedimento é conhecido como enquadramento.

Antes do enquadramento, é comum fazer uma composição: o agrupamento e a combinação dos elementos que serão fotografados ou filmados. O objetivo é que o resultado seja equilibrado e harmonioso.

O enquadramento pode ser entendido como o registro de um recorte da realidade a partir da escolha e organização dos elementos que irão aparecer em uma imagem. O fotógrafo ou cameraman determina o enquadramento através da composição e do fragmento da cena que decide capturar.

Normalmente em todas as imagens existe um motivo (o que justifica a cena) e um fundo (tudo o que rodeia o motivo). O motivo deve ser o elemento principal do enquadramento: assim, a pessoa que retrata a cena deve certificar-se de excluir o que pode gerar distração. Por sua vez, é importante que você mantenha uma margem ao redor do motivo para que ele possa aparecer.

No contexto das ciências sociais, o enquadramento é o esquema que permite a uma pessoa interpretar a realidade e reagir perante ela. São estruturas psicológicas que permitem ao sujeito dar sentido ao mundo.

211 - Solastender treze