Amigo é o nome que se dá a um indivíduo que mantém um relacionamento de afeto, consideração e respeito por outra pessoa. O amigo é aquele que possui uma grande afeição por uma ou mais pessoas, que é leal, que protege e faz o possível para ajudar sempre.
Para denominar uma pessoa de amigo, não necessariamente os indivíduos precisam se conhecer há muito tempo, muitas amizades começam repentinamente e ganham importância por diversos motivos. Amigo é aquela pessoa que se confia acima de qualquer coisa, que está sempre disposto a ajudar, seja em situações boas ou ruins.
Para chamar alguém de amigo, não necessariamente precisa ser apenas amigo. Existem muitos familiares, como primos, tios, namorados e até mesmo os próprios pais do indivíduo podem ser considerados um amigo, por sua postura e jeito de agir, por ser alguém sempre disposto a conversar e ajudar.
Em alguns momentos, o amigo não precisa ter necessariamente os mesmos gostos e vontades, e em certos casos é esse exatamente o fato que os une. O amigo não precisa ser alguém completamente idêntico. É aquele que tem o poder de acrescentar ao outro, com suas ideias, momentos de vida, informações etc., ou apenas alguém para dividir momentos e sentimentos.
Dia do Amigo
O amigo é tão importante na vida das pessoas, que criaram um dia próprio para ele. O dia do amigo é comemorado em 20 de julho. A data foi criada por um argentino, a partir da chegada do homem à lua, em 20 de julho de 1969. O argentinou resolveu enviar cartas para diversos países para instituir o Dia do Amigo, pois acreditava que a chegada à lua era um significado de que os homens deveriam se unir.
Algumas pessoas intitulam seu amigo de “melhor amigo”, e muitas vezes esses se conhecem mais que algum membro da própria família. O melhor amigo consegue ser alguém melhor ainda que um amigo, o nível de lealdade, amizade, atenção, carinho e afeto é muito maior, e estes costumam estar sempre juntos, sendo confidentes e cúmplices.
A nomenclatura de melhor amigo é mais utilizada por mulheres, mas ambos os sexos tem seus próprios melhores amigos, que são aqueles que o indivíduo leva para toda vida, e está presente em todos os momentos.
Relatos de amigos
Nas artes existem diversos relatos e demonstrações de amizades, sejam elas através de poemas, filmes, literatura e canções. O cantor Roberto Carlos, por exemplo, compôs uma canção chamada “Amigo” que tornou-se muito famosa, e é conhecida até os dias atuais. Existem também diversos poemas falando sobre amigos, como o poema grego chamado de “Poema de Gilgamesh”.
A própria Bíblia cita a amizade, falando em 1 Samuel (capítulo 18) sobre a forte amizade entre Jônatas e Davi. Algumas obras, como Dom Quixote e Sancho Pança, Sherlock Holmes e Os Três Mosqueteiros, relatam a relação com um ou mais amigos. Existem também filmes e séries de televisão, como O gordo e o magro, Os três patetas, Friends, entre muitos outros.
Os feitos de Gilgamesh, rei de Uruk, na antiga Mesopotâmia,
foram cantados por dois mil anos até que um grande incêndio, em 612 a.C.
devastou a biblioteca de Nínive, que guardava os registros escritos. Sem eles,
o nome de Gilgamesh foi sendo pouco a pouco esquecido até desaparecer
completamente. Desapareceram, também, os registros das sociedades que povoaram
a Mesopotâmia e regiões vizinhas, e com eles, o passado do Oriente Próximo.
Passaram-se outros dois mil e quatrocentos anos quando o arqueólogo britânico
Austen Henry Layard descobriu as ruínas soterradas da biblioteca de Nínive, em
meados do século XIX. Foram encontradas cerca de 30.000 plaquetas de argila com
escrita cuneiforme. Eram fragmentos que formavam 1.200 textos distintos. Entre
eles, estavam as 12 plaquetas contendo a Epopeia de Gilgamesh. A fabulosa
história desse herói foi recuperada 48 séculos depois de seu reinado e, mais
uma vez, encantou historiadores e o público leigo. Acesse, ao final do artigo,
trecho da epopeia incluindo atividades com respostas. A biblioteca de
Assurbanipal Assurbanipal (668-626
a.C.), o último grande rei do Império Assírio, foi um grande conquistador. Mas,
além de saqueador do Egito e de Susa foi, também, o criador de uma notável
biblioteca, considerada a primeira da História. Localizada no palácio de
Assurbanipal, em Nínive, a biblioteca possuía uma coleção com milhares de
placas de argila contendo textos em escrita cuneiforme, alguns em duas línguas:
sumério e acádio. Eram hinos, poemas, contratos e textos sobre assuntos
variados: geografia, matemática, medicina, religião, astronomia, leis,
presságios, relatos de viagens e aventuras etc. Extensão máxima do Império
Assirio, 650 a.C. A biblioteca de Assurbanipal ficava em Nínive, ao norte da
Mesopotâmia. Tabuleta V da Epopeia de Gilgamesh, datada do antigo período
babilônico, 2003-1595 a.C. Museu Sulaymaniyah, Iraque Assurbanipal que tinha
grande interesse pela literatura e erudição, enviou escribas aos centros de
saber da Babilônia, Uruk, Nippur e Akad com a missão de copiar, em tabuletas de
argila, todos os assuntos então correntes. Os escribas também traduziram as
antigas escritas para o semítico acadiano da época. A biblioteca desapareceu em
612 a.C. quando uma coligação de babilônios, citas e medos invadiu e ocupou
Nínive incendiando o palácio real. Os tabletes de argila ficaram parcialmente
cozidos – processo que, paradoxalmente, ajudou a preservar a placas. Porém, os
textos escritos em placas de cera, couro e papiro foram perdidos para sempre. A
Epopeia de Gilgamesh: a primeira versão do Gênesis? As milhares de placas
encontradas nas escavações em Nínive, em 1849, foram levadas para o Museu
Britânico, em Londres e ficaram sob a responsabilidade de Henry Rawlinson.
Havia pouco tempo que ele decifrara o cuneiforme. Coube a George Smith,
auxiliar de Rawlinson no museu e perito na decifração do cuneiforme, fazer a
segunda grande descoberta: em 1872, diante de uma plateia de especialistas, ele
leu a 11ª. tabuinha que narrava sobre um dilúvio devastador do qual somente um
homem sobreviveu. A revelação causou impacto entre especialistas, teólogos e o
público leigo. Mais surpresas vieram com a decifração de outras tabuinhas:
Araru, a deusa criadora do homem, o mito Enuma elish, o poema da criação, e o mito
de Adapa, o homem que recusou a imortalidade – personagem que, para alguns
estudiosos, seria o Adão bíblico. O impacto dessas descobertas desafiavam a
erudição literária e bíblica e lançavam para tempos mais longínquos a história
da humanidade. A Epopeia de Gilgamesh já circulava por volta de 2.100 a.C., mas
era muito anterior a essa data. Diante dessa datação, todas as literaturas
ditas, então, como as primeiras da história, mostravam-se bem mais recentes. As
narrativas do Pentateuco ou Torá, a parte mais antiga do Velho Testamento, são
do I Milênio, e a versão hebraica da Bíblia teria sido redigida entre os
séculos VIII e V a.C., principalmente no tempo do rei Josias (640-609 a.C.).
Por sua vez, os poemas épicos Ilíada e Odisseia, atribuídos a Homero, remontam
aos séculos IX e VIII a.C. Muito já se pesquisou e escreveu sobre a influência
da Epopeia de Gilgamesh sobre a escrita do Gênesis chegando a se questionar a
veracidade dos textos bíblicos. Por outro lado, a epopeia que chegou a nós
também não é original, mas um compilado de lendas e poemas onde se
misturaram tradições culturais de
sumérios, acádios, assírios e babilônicos. Foram encontradas cópias do poema em
regiões diversas da antiga Mesopotâmia, da Palestina e da Turquia, e nem todas
as versões coincidem. Enfim, tanto a epopeia de Gilgamesh quanto o livro do
Gênesis poderiam ter sido influenciados por histórias ainda mais antigas e
difundidas no Oriente. Como lembra Fernand Braudel: “O passado das civilizações
nada mais é que a história dos empréstimos que elas fizeram uma às outras ao
longo dos séculos…” Síntese da Epopeia de Gilgamesh Gilgamesh foi o quinto rei
da primeira dinastia de Uruk, tendo reinado por volta de 2650 a.C. Considerado o mais ilustre antecessor dos
reis sumérios, Gilgamesh tornou-se objeto de lendas e poemas passando a ser
venerado como um herói que, ao longo do tempo, foi sendo divinizado. Uruk,
cidade suméria surgida por volta de 3.500 a.C., foi uma das primeiras cidades
da História. Exerceu forte influência na cultura, urbanização e formação do
Estado na região mesopotâmica. O poema menciona suas muralhas, templos e
mercados – o que foi confirmado pela arqueologia Expansão cultural de Uruk,
cerca de 3500-3200 a.C. O poema se inicia com uma exaltação a Gilgamesh
destacando suas virtudes, sua constituição (dois terços divinos e um terço
humano) e seus feitos: as muralhas de Uruk e o templo de Eanna. O rei é
imbatível e arrogante, e a população, embora reconheça sua competência, está
insatisfeita com a prepotência e luxúria dele. Os habitantes de Uruk rogam à
deusa Aruru para criar um ser igual a Gilgamesh que o desafie. Aruru, tomando
um pouco de barro, cria Enkidu, deixando-o no meio da floresta, afastado da
humanidade. Ele é um homem selvagem, tem o corpo coberto de pelo, os cabelos
longos e desgrenhados. Ele vive com e como os animais. Representação de
Gilgamesh como Senhor dos Animais, segurando um leão e uma serpente. Palácio de
Sargão II, em Khorsabad, 713-706 a.C. Gilgamesh toma conhecimento da existência
de Enkidu e manda uma cortesã sagrada seduzir Enkidu e introduzi-lo a hábitos
civilizados. A mulher corta os cabelos de Enkidu, raspa os pelos, veste-o e
ensina-o a comer pão e tomar vinho. Finalmente, leva-o a Gilgamesh. Ao se
verem, os dois se estranham, medem força e lutam ferozmente. Enkidu faz
Gilgamesh ajoelhar-se ou perder o equilíbrio e cair. Em outra interpretação,
Gilgamesh acaba derrubando Enkidu. Seja como for, a luta termina empatada, os
dois se abraçam e selam sua amizade. A vida na cidade, porém, os torna indolentes
e preguiçosos e eles decidem, então, partir para aventuras que os desafiem.
Primeiro, enfrentam Humbaba, um gigante feroz e temível que vomita fogo, e vive
na floresta de cedros. Gilgamesh arremete oito furacões contra o monstro e os
dois heróis matam o monstro Humbaba cortando-lhe a cabeça. A segunda aventura é
consequência direta da primeira. Ao regressar ao palácio, Gilgamesh se lava e
coloca sua melhor roupa. Sua beleza atrai a deusa Isthar que se apaixona e
pede-o em casamento. Promete-lhe presentes magníficos, poderes e a divinização.
Gilgamesh recusa, desdenhando a oferta explica que Ishtar abandona os amantes
depois de esgotá-los. Ofendida, Ishtar se vinga, enviando o gigantesco touro
celeste para destruir o herói e seu palácio. O touro, contudo, é derrotado por
Gilgamesh e Enkidu. Inconformada, Ishtar amaldiçoa Gilgamesh e pune-o com a
morte do amigo. Enkidu é tomado por uma doença fatal e depois de doze dias de
sofrimento, falece. Gilgamesh se desespera com a perda do amigo. Tomado de pânico
ao pensar que também um dia morreria, ele sai à procura de Utnapishtim, o único
homem que foi poupado pelo dilúvio e que vivia nos confins do mundo gozando do
dom da imortalidade. O rei quer saber como poderia, também, alcançar a
imortalidade. Depois de uma longa jornada, cheia de perigos e provações,
Gilgamesh chega até Utnapishtim. Este lhe conta como foi o dilúvio e tenta
convencer o rei que sua busca é irrealizável. Gilgamesh insiste mas Utnapishtim
não cede. Contudo, a mulher de
Utnapishtim, compadecida com o fracasso do herói, revela-lhe o segredo da
imortalidade: no fundo do mar, havia uma planta maravilhosa e quem a comesse
seria eternamente jovem. O herói amarra pedras nos pés, mergulha no mar
profundo e encontra a planta mágica. Fere as mãos para arrancá-la, mas consegue
traze-la à superfície. Mas não a come, decide dividi-la com os anciãos de Uruk.
Percorre, então o caminho de volta. Cansado, adormece. Uma serpente sente o
cheiro da flor e se apossa dela, e logo muda de pele e rejuvenesce. Gilgamesh
descobre que falhou e volta decepcionado para Uruk onde volta a admirar suas
muralhas e construções. O poema termina com a morte de Gilgamesh: A amizade de
Gilgamesh (à direita) e Enkidu (à esquerda) é de irmãos de alma, que têm que
conviver com suas diferenças e semelhanças. Ilustração de Ludmila Zeman, 1992.
O destino decretado por Enlil da montanha, o pai dos deuses foi cumprido. (…) Os heróis e os sábios, como a lua nova,
têm seus períodos de ascensão e declínio.
Foi-te dado um trono, reinar era teu destino; a vida eterna não era o
teu destino. Assim não fiques triste, não te atormentes. Ele te concedeu
supremacia sobre o povo, vitória nas batalhas (…). Mas não abuses deste poder;
procede com justiça com teus servos no palácio, faze justiça ante a face do
Sol. OLIVEIRA (trad.): 2001. Os temas e reflexões da epopeia Considerada a
primeira obra literária da História, a Epopeia de Gilgamesh mostra que as
questões fundamentais da existência humana – felicidade, amor, sexo, amizade,
poder, o sentido da vida, a certeza da morte e as incertezas do destino –
acompanham o homem há milhares de anos. Gilgamesh é o modelo de herói, com
virtudes e defeitos humanos, que se arrisca ao novo, desconhecido e
extraordinário e, com isso provoca profundas mudanças. A jornada do herói é a
da transformação interior. No início do poema, a exaltação a Gilgamesh diz
respeito à pessoa que ele se tornou ao final de sua jornada – “o sábio que viu
os mistérios e conheceu coisas secretas”. A arrogância, truculência e luxúria
de Gilgamesh são contestadas pelo seu povo. O governante pode tudo? Não, e os
habitante de Uruk reclamam aos deuses. Entendem que o líder deveria trabalhar
pela harmonia da sociedade (“ser um pastor para seu povo”) e não provocar a
discórdia. Clamam por justiça e fim da opressão. Um interessante ponto de
partida para refletir sobre a diferença de autocracia e tirania. Enkidu surge
para desafiar Gilgamesh. A criação de Enkidu traz elementos intrigantes. Ele é
criado pela deusa Aruru a partir do barro – diferente da tradição
hebraico-judaica que se refere a um deus criador masculino. Enkidu, como Adão,
vive entre os animais e em harmonia com eles. Quem vai mudar esse cenário é uma
mulher, a cortesã sagrada Shamhat. O papel de Shamhat é crucial: ela usa sua
beleza e sedução para atrair o selvagem Enkidu e, através de relações sexuais
contínuas, ensinar-lhe os fundamentos da vida civilizada, a comer alimentos
elaborados, beber vinho, vestir-se e se expressar através da música e do canto.
Shamhat cujo nome significa “a alegre”, é quem introduz Enkidu à vida em
sociedade. As habilidades sexuais de Shamhat estabelecem a diferença entre o
sexo para procriação – impulso próprio dos animais – e a sensualidade artística
e sofisticada própria da civilização. Os mesopotâmicos entendiam a prostituição
como uma das características básicas da vida urbana e civilizada. Daí entender
o papel de Shamhat: apresentar para Enkidu o mundo sedutor mas complexo da
cultura humana. Quando Enkidu está morrendo, ele expressa sua raiva contra Shamhat
por tê-lo tornado civilizado, culpando-a por trazê-lo para o novo mundo de
experiências que o levou à morte. Ele a amaldiçoa. O deus Shamash, o Sol, intervém e lembra a Enkidu que Shamhat o
alimentou e o vestiu. Enkidu cede e abençoa-a dizendo que todos os homens a
desejarão e lhe oferecerão joias de presente. Depois de deitar-se com Shamhat
seis dias e sete noites, Enkidu tentou voltar à sua vida selvagem, mas os
animais fugiram dele. Assim como Adão ao provar o fruto do conhecimento
oferecido por Eva foi expulso do paraíso, Enkidu não é mais o mesmo depois do
aprendizado dado pela mulher. Rompeu-se a conexão do homem selvagem com o mundo
natural. Os animais o rejeitaram e ele, então, deve ir para o lugar onde esse
conhecimento pode ser usado, a cidade. O encontro de Enkidu e Gilgamesh é outro
momento chave da epopeia. Enkidu é o reflexo do rei: são iguais mas não
idênticos. Têm a mesma força física e arrogância, mas diferentes experiências
humanas. Enkidu não tem família, afinado com o mundo natural e selvagem.
Gilgamesh tem pai e mãe (o poema faz constante menção a Ninsun, mãe do rei e a
intérprete de seus sonhos), vive e governa uma grande cidade. Ambos heróis
representam a polaridade entre natureza e cultura. Enkidu será o agente das
mudanças de Gilgamesh. Inclusive na morte, Enkidu é um ponto de virada na
jornada no rei. Enkidu, o selvagem, trará a Gilgamseh a oportunidade de se
perceber humano, como todos os outros, e deixar de lado sua arrogância e sua
recusa em aceitar o destino humano. A relação fraternal entre eles nasce de
suas diferenças sobre as quais se equilibram, complementando-se e compensando
que falta ao outro. Talvez esse seja o sentido mais profundo da luta inconclusa
entre eles, sem vencedor e vencido. Eles
foram criados para equilibrar um ao outro, compensando o que falta no outro. A
amizade de Gilgamesh e Enkidu se constrói na disputa, na escuta, na perda, no
ganho, na cooperação, no ciúmes, na vaidade, na lealdade, na coragem, na
agressividade e na amorosidade. A psicologia analítica ou junguiana (iniciada
por Carl Gustav Jung) vê Enkidu o irmão-sombra de Gilgamesh, sua “criança
interior”, frágil e vulnerável (ou mesmo desprezada e humilhada). Para
silenciá-la, o indivíduo desafia-se continuamente a provar sua grandeza, poder
e força. Por trás desse comportamento está a sociedade patriarcal, com suas
imposições de sucesso e desempenho, seu desprezo pelos semelhantes, pela
mulher, pelos animais e pelo meio ambiente. Daí a arrogância, a intolerância, a
vaidade desmedida e a intransigência. Há quem veja a relação fraternal entre
Enkidu e Gilgamesh similar a de Aquiles e Pátroclo, na Ilíada de Homero,
sugerindo um relacionamento romântico, homoafetivo. Não há na epopeia nada
evidente que possa sustentar essa hipótese e, talvez, essas análises estejam
dizendo mais de nossos parâmetros morais contemporâneos do que sobre os valores
e mentalidade da História Antiga do Oriente Próximo. Após aventuras e perigos,
a epopeia aproxima-se de seu grande tema final: a busca da imortalidade. Cabe a
uma mulher fornecer a chave do segredo a Gilgamesh: ela fala sobre a planta
capaz de dar a eterna juventude a quem a comesse. De posse da planta, Gilgamesh
tomado de compaixão (já não é mais o rei arrogante) decide levá-la a Uruk e
dividi-la com os anciãos da cidade. Porém, uma serpente come a planta roubando
a imortalidade do homem. Impossível não fazer uma analogia com a serpente do
Gênesis que tirou a vida eterna de Adão e Eva e levou-os à expulsão do Éden.
Chegando a Uruk, Gilgamesh comenta com o barqueiro que o acompanha sobre a
beleza e imponência da cidade, feita de tijolos cozidos, com suas muralhas,
templos e jardins. Os versos anunciam: “Tudo isso era obra de Gilgamesh, o rei
que conheceu os países do mundo. Ele era o sábio, viu os mistérios e conheceu as coisas secretas. Transmitiu-nos uma
história dos dias antes do dilúvio. Fez uma longa jornada, conheceu o cansaço,
esgotou-se em trabalhos e, ao regressar, gravou numa pedra toda a história.”
(TAMEN, 1992, p. 89-90). Essa era a imortalidade tão desejada por Gilgamesh:
suas obras, a sabedoria alcançada e sua história transmitida às gerações
futuras – enfim, tudo o que realmente
fica para a eternidade. Trabalhando a obra em sala de aula Selecionamos o
trecho inicial da Epopeia de Gilgamesh para trabalhar com os alunos. Nele estão
as descrições de Gilgamesh e Enkidu, e o encontro deles que possibilitam ao
professor abordar temáticas variadas: tempo e espaço histórico, a escrita
cuneiforme, o poder político, a vida urbana e a relação de amizade entre os dois
heróis. Usamos a edição da epopeia com tradução de Carlos Daudt de Oliveira, da
editora Martins Fontes. Para os alunos mais novos (5º e 6º anos) recomendamos a
versão ricamente ilustrada pela artista checa Ludmila Zeman que reconta a
história com uma linguagem saborosa, própria para esse público. É dela a
ilustração que serve de abertura para o artigo.
Obrigado por compartilhar. Lembre-se de citar a fonte:
https://ensinarhistoria.com.br/gilgamesh-a-historia-mais-antiga-do-mundo/ -
Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues
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